Obesidade em debate no Porto

A obesidade afecta cerca de 300 milhões de pessoas em todo o mundo, e é a forma mais comum de negligência alimentar em Portugal. A OMS (Organização Mundial de Saúde), define obesidade como uma doença crónica, um armazenamento excessivo de gordura prejudicial para a saúde e bem-estar, que requer um plano estratégico adequado de prevenção e tratamento.

Realiza-se a partir de hoje e até sábado, na cidade do Porto, o 10º Congresso Português de Obesidade, com o tema, «Obesidade, uma epidemia global». Terá um carácter pedagógico e contará com a presença de aproximadamente 500 especialistas portugueses e estrangeiros, que irão abordar temas relacionados com a obesidade. Realizar-se-ão também debates sobre as diferentes formas de combater e prevenir esta doença, e no sábado será apresentado o novo «Consenso no Tratamento da Obesidade».
Segundo o presidente do Congresso, Davide Carvalho, a obesidade é «um dos mais graves problemas de saúde pública do país», com tendência a agravar-se a médio prazo, devido à crescente obesidade infantil. De facto, existe actualmente, uma tendência generalizada para a ingestão excessiva de doces e gorduras (comida rápida) pelas crianças, e ao mesmo tempo, a exclusão de frutas, hortaliças e legumes na sua dieta alimentar. Tendência esta que, segundo a endocrinologista, Isabel do Carmo, será muito difícil de reverter pois como refere « os padrões alimentares adquiridos na infância são determinantes para o resto da vida».
A obesidade já ultrapassou a fome existente no mundo, e estima-se que em 2025 metade da população portuguesa seja obesa.
É uma doença multifactorial na sua génese pois envolve factores hereditários, bioquímicos, hormonais, comportamentais e culturais. Está intimamente ligada a estilos de vida predominantemente sedentários (descida da prática do exercício físico), ingestão abundante de bebidas alcoólicas e hábitos alimentares distorcidos, e em alguns casos, relaciona-se com a toma de determinados fármacos (anti depressivos, corticoides, etc.).
Considerada uma epidemia global, pelo facto de causar e/ou agravar múltiplas doenças tais como, cardiovasculares e respiratórias, alguns cancros (cancro da mama, útero e cólon), e a diabetes, a sua diminuição só será possível com uma melhoria dos hábitos alimentares e o aumento da actividade física.