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"O homem prudente não diz tudo quanto pensa, mas pensa tudo quanto diz" Aristóteles

sexta-feira, outubro 27, 2006

Cirurgia de Parkinson melhora qualidade de vida dos doentes


De seu nome científico, Estimulação do Núcleo Subtalánico, realizada pela primeira vez em Portugal em Outubro de 2002 no Hospital S. João no Porto, a cirurgia da doença de Parkinson tem tido um enorme sucesso (cerca de 65%) a nível de recuperação e independência que devolve aos seus doentes.

A doença de Parkinson é um distúrbio da função motora caracterizado principalmente por uma diminuição dos movimentos voluntários e involuntários, por rigidez muscular e/ou trémulo. É causada pela falta de um tipo particular de células do cérebro. É a falta de um mediador químico, chamado dopamina que provoca os sintomas. É uma doença caracterizada por ritmos/fases existindo alturas em que o doente se encontra em “off” (palavra utilizada na gíria médica), ou seja são momentos em que a mobilidade do doente fica quase nula.
Segundo o enfermeiro Carlos Rodrigues, a trabalhar no serviço de neurocirurgia no hospital de S. João, há aproximadamente um ano, o custo social desta doença é enorme. A limitação ou incapacidade que este tipo de doença impõe aos doentes tem um custo familiar elevado pois tornam-se incapazes de realizar tarefas básicas tais como, alimentar-se vestir-se, etc.
A cirurgia da doença de Parkinson é considerada muito dispendiosa em termos de recursos humanos pois, para a sua realização é necessária uma vasta equipa composta por neurocirurgiões, enfermeiros, neurologistas, psicólogos, fisioterapeutas e pnemologistas. A cirurgia dura entre quatro a cinco permanecendo o doente acordado durante este período, de forma a, colaborar com a equipa médica. Alguns dos doentes, afirma Carlos Rodrigues, não conseguem aguentar a cirurgia por completo pois esta é muito exigente do ponto de vista físico e psicológico.
Estima-se que esta doença atinja cerca de 2% a 3% da população o que representa entre dez a vinte mil pessoas, maioritariamente com mais de 50 anos e do sexo masculino. Até Outubro de 2005 foram operados no serviço de neurocirurgia do hospital de S. João no Porto, segundo a fonte, cerca de 35 doentes, mas neste momento estima-se que já tenham sido operados 65.
Cada cirurgia custa entre 20 mil a 25 mil euros, no entanto estima-se que entre quatro a cinco anos este investimento seja retornado pela diminuição dos gastos da medicação crónica, no entanto não pode ser aplicada a todos os doentes pois há alguns critérios a respeitar (idade, outras doenças, etc.) o que faz com que esta cirurgia possa abranger apenas cerca de 5%a 10% da população parkinsonica.
O princípio cirúrgico da doença de Parkinson, segundo Carlos Rodrigues, está a ser alargado a outro tipo de doença neurológica, nomeadamente ao tremor essencial, que foi realizada pela primeira vez em Portugal, em Setembro deste ano, com sucesso. Esta cirurgia, designada de estimulação cerebral profunda, consiste na colocação de uns estimuladores a nível cerebral ligados a uma bateria, a qual fica definitivamente alojada no peito. Essa bateria gere os impulsos transmitidos aos estimuladores assemelhando-se, deste modo, à cirurgia de Parkinson.
Este tipo de cirurgia tem conseguido contribuir para uma maior independência dos doentes em actividades de vida diária, permitindo, assim, uma melhoria significativa da qualidade de vida.

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